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Jornada literária • A maldição das torres | Blond Fox

✨ A Maldição das Torres ✨



A noite era escura e o velho zelador fazia sua ronda noturna em um conjunto de prédios de apartamentos em uma pequena cidade. O condomínio tinha uma infraestrutura precária, com algumas torres inabitáveis por estarem caindo aos pedaços. Havia uma torre nos fundos do terreno bloqueada por grandes blocos de concreto cobertos por uma vegetação rasteira, suas paredes eram negras como o véu da noite e suas vidraças refletiam as luzes amarelas de velhos postes de madeira improvisados. A entrada era um portal com grades de ferro forjado.
O velho zelador não tinha permissão para entrar nesse bloco, mas ao passar por perto, ouviu o ranger das correntes do portal, vozes e um som estremecedor vindo do poço dos elevadores. Ele se virou lentamente para sair do local quando seu nome foi gritado por uma voz feminina conhecida. Desesperado, ele entrou no bloco, subindo as escadas de emergência até o décimo sexto andar. Sem fôlego e ofegante, levou as mãos ao peito, dando um longo suspiro. De onde estava, podia ver todo o corredor, largo e com várias portas estranhas. Uma delas chamou sua atenção no final do corredor de paredes vermelhas descascadas, uma porta de madeira maciça entalhada com pequenas cabeças deformadas de olhos grandes.
A porta estava entreaberta. Ele seguiu com os olhos fixos nela e, ao chegar perto, viu em cima da mesa no centro da sala um crânio em uma caixa de vidro. Ao lado, queimava um incenso com odor fétido de sangue dos amaldiçoados. Na parede vazia, havia apenas um velho espelho manchado pelo tempo, refletindo o outro lado da sala, onde escorria um musgo preto esverdeado. Foi então que surgiu uma criatura renegada do inferno, atormentada pelo próprio diabo, com olhos vermelhos e dentes afiados, suas mãos de ossos cobertas de sangue.
O velho zelador, tropeçando em seus próprios pés, começou a correr, batendo de porta em porta. Uma delas abriu com o empurrão do velho homem,  uma urna funerária que estava atrás da porta em um móvel  suspenso caiu ao chão, quebrando em mil pedaços e liberando os espíritos de cinco mulheres demoníacas que foram assassinadas e amaldiçoadas há alguns anos. Pobre homem, de pernas trêmulas, ouvindo os sussurros das mulheres amaldiçoadas ecoando pelos corredores. Ele tenta correr, e abrir as portas, mas as portas parecem fechadas por mãos invisíveis. As luzes piscam, lançando sombras sinistras nas paredes.Quando ele finalmente alcança a saída de emergência, uma força invisível o puxa para trás. As cinco mulheres, agora em forma espectral, surgem diante dele, com os olhos brilhando com ódio e desprezo, elas o cercam, e ele sente o ar ficar mais gelado.
O zelador, em pânico, tenta negociar sua vida oferecendo sua ajuda para resolver o mistério das suas mortes e trazer paz para os espíritos delas. As mulheres, hesitantes, se afastam um pouco, ainda prontas para intervir se ele falhar. Uma delas de voz grave  e trêmula diz para o zelador: Velho homem invoque o terror absoluto e a maldição eterna que nós carregamos para emergir das profundezas do inferno, um relicário de ouro,  escolha um nome pense bem para não falhar, é quase como lançar feitiço, e coloque dentro. Repita conosco o feitiço de libertação das almas perdidas.
In nomine noctis et umbrae, Ex tenebris emergerum, Spiritus liberate, Ad pacem aeternam (Em nome da noite e da sombra, emergiram das trevas, libertarei o espírito, Para a paz eterna). Depois diga o nome escolhido preste atenção na adivinhação. Cinco almas em tormento, Presas em um véu de lamento, libertas serão, se a chave encontrar, no espelho do tempo, a verdade revelará.
O zelador deveria recitar o feitiço enquanto segurava alguns objetos simbólicos, com as mão trêmulas, segurava a vela de sangue, o amuleto de pequenas cabeças e as correntes que cercavam a urna dos condenados forjadas no vale da sombra da morte, diante do crânio sinistro da caixa de vidro, ele olhou fixamente para o espelho manchado pelo tempo, sentindo o peso das almas perdidas ao seu redor. Respirou fundo, recitando o feitiço gaguejando cada palavra. O eco de sua voz preencheu a sala, misturando-se ao cheiro acre de sangue e incenso. O espelho começou a brilhar, revelando imagens distorcidas das cinco mulheres em tormento.
 A adivinhação serviria como um enigma que ele precisa resolver para libertar os espíritos das mulheres amaldiçoadas, elas sabiam que o tempo do zelador estava se esgotando. O zelador recitou depois de cada uma delas, mas uma das palavras era indecifrável e o velho zelador  não conseguiu falar. Os espíritos das mulheres, agora preenchidos com um ódio renovado, ergueram suas mãos espectrais, prontas para consumir a alma do pobre homem .Num último suspiro, o zelador pronunciou uma prece silenciosa, aceitando seu destino, e uma sombra densa envolveu seu corpo. As mulheres amaldiçoadas, sentindo a resistência do zelador se esvair, se lançaram sobre ele, suas formas etéreas se fundindo em uma única entidade monstruosa.
 As vozes ecoaram pelo prédio abandonado, deixando claro que a maldição havia sido selada para sempre. O bloco negro, testemunha de incontáveis horrores, continuaria a ser um lugar evitado, onde até mesmo as sombras temiam vagar.E assim, o portal da noite dos condenados teriam  um novo guardião do inferno, o zelador que agora habita as profundezas das torres amaldiçoadas.


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Beijos da raposa 💋

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