Jornada literária • Cordel do cântico maldito | Blond Fox
✨ Cordel do Cântico Maldito ✨
Nas trilhas sombrias do sertão, onde a escuridão é cortada apenas pela luz pálida da lua, vivia uma jovem chamada Maria. Seus olhos, negros como uma noite sem estrelas, abrigavam segredos sombrios e seu sorriso era um prenúncio de um destino maldito.
Numa noite sem esperança, quando o vento uivava como uma alma penada, Maria encontrou um velho errante. Ele trazia consigo um chapéu de couro, uma viola e um olhar que parecia ter testemunhado os próprios horrores do inferno. Sentaram-se à sombra de uma árvore retorcida, e o velho começou a contar histórias em versos, como manda a tradição da literatura de cordel, mas suas palavras eram carregadas de maldições e temores.
- Maria! disse o velho.
Teus olhos refletem a escuridão que habita nas profundezas do sertão. És a flor mais rara e perigosa, e tua beleza é um veneno escondido nas entranhas da caatinga.
Um calafrio percorreu a espinha de Maria.
O velho sorriu de forma sinistra.
-Maria, a seca não apenas castiga os homens e os bichos; ela também liberta demônios da noite, criaturas que se alimentam do medo e do desespero. Teu sorriso é um canto de morte, atraindo as almas perdidas para um destino sombrio.
Maria fitou o horizonte escuro, sentindo o peso das palavras do velho:
- E o amor, velho? Será também uma armadilha cruel?”
O poeta riu diabolicamente e dedilhou sua viola de forma dissonante:
- O amor, Maria, é uma maldição eterna, uma cantiga infernal que atravessa gerações e arrasta as almas para a perdição. Quem ama, sofre eternamente, pois o amor é o fogo que queima a alma até o fim dos tempos.
Maria, com olhos aterrorizados, perguntou: - E você, velho? Já sofreu por amor?
O velho sorriu e cantou:
No sertão, sob o luar,
Amar é como sangrar.
É entoar gritos ferois,
Mesmo quando a vida se desfaz.
Maria, teu sorriso é meu tormento,
Minha maldição no esquecimento.
E se um dia eu partir,
Meu ódio ao teu sorriso vai persistir.
No sertão, sob o luar,
Amar é como sangrar.
É entoar gritos ferois,
Mesmo quando a vida se desfaz.
Maria, teu sorriso é meu tormento,
Minha maldição no esquecimento.
E se um dia eu partir,
Meu ódio ao teu sorriso vai persistir.
Maria sentiu o ar pesar e esfriar. O velho continuou a tocar sua viola, enquanto criaturas da noite emergiram das sombras, atraídas pelo cântico macabro. Naquele momento, sob a árvore retorcida, Maria compreendeu que beleza e amor eram armadilhas que aprisionavam almas no inferno.
A história de Maria e do velho poeta se espalhou pelo sertão como um cordel amaldiçoado, ecoando pelas noites sombrias. Dizem que, até hoje, quando a lua cheia surge no céu, os gritos dos amantes malditos ressoam pelas trevas, lembrando a todos do terror que se esconde no coração do sertão.
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Beijos da raposa!!
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