Jornada literária • Sua vida me pertence (capítulo 4) | Blond Fox
✨ Sua vida me pertence ✨
Capítulo 4 - Fortalecendo as raízes!
José, um jovem de aparência formosa e gentil, cresceu longe de seus pais devido ao constante trabalho deles. Essa separação não foi fácil, mas seus tutores cuidaram bem dele. Eles sempre enfatizavam que a moral e os bons costumes moldam os meninos e os transformam em homens fortes e corajosos. Os pais de José o amavam muito e fizeram o possível para apoiá-lo e garantir uma infância feliz e saudável.
Quando José atingiu a idade adulta, tomou uma decisão importante: estudar fora de Portugal. Essa escolha foi apoiada por toda a família, pois sabiam que era crucial para o futuro dele. Seus pais investiram em excelentes colégios e graduações, proporcionando-lhe uma vivência em lugares exóticos, que enriqueceram seu vocabulário. Essa experiência o preparou para uma vida próspera quando retornou às suas raízes.
Agora, José estava de volta à sua cidade natal, Agrochão. As ruas empoeiradas ainda são percorridas por carroças puxadas por gado, e a fonte d’água continua jorrando, embora sua água tenha adquirido uma coloração estranha. As pessoas da região continuavam trabalhando nas lavouras de azeite, rindo e cantando mesmo após um dia exaustivo. José, com sua bagagem de conhecimento e experiência, estava pronto para assumir os negócios da família. A responsabilidade era grande, mas ele carregava consigo a força e a coragem que aprendeu ao longo de sua jornada. Ele sabia que sua jornada estava apenas começando e que, assim como a água da fonte, ele também podia se adaptar e fluir. E, com cada passo, ele se tornava parte da história contínua de Agrochão, um elo entre o passado e o futuro. E assim, fiel às suas tradições, José escreveria um novo capítulo em sua história.
Naquele lugar, um lema ecoava: “Não havia um caminho para a felicidade; a felicidade era o próprio caminho.” José, após retornar de seus estudos, sentiu que o vilarejo já não era suficiente para ele. Era natural que buscasse algo mais desafiador. Assim, passava suas tardes no escritório de seu pai, imerso na leitura de antigos livros de capas vermelhas como sangue. Essa atividade não apenas expandia sua mente, mas também oferecia novas perspectivas. Para José, que muitas vezes se sentia entediado ou confinado no velho casarão, essa era uma maneira produtiva de passar o tempo.
Após uma boa leitura, José contemplava a vasta paisagem através da grande janela, cujos vidros amarelados pelo tempo filtravam a luz. Certa manhã de céu límpido, ele experimentou pela primeira vez o que era o amor. Um sorriso suave se desenhou em seu rosto, colorindo-o como se queimasse e ressaltasse suas feições. Seu coração galopava como um cavalo desenfreado. Tudo isso aconteceu quando seus olhos encontraram a formosa e encantadora moça de cabelos escuros como a noite.
Maria, com sua personalidade marcante, cativou José desde o primeiro instante. Seus cabelos escuros conferiam-lhe uma aura de mistério e charme. José nunca antes havia testemunhado um equilíbrio tão estonteante entre o céu e a terra como aquele que Maria personificava. Ela, a galega de cabelos escuros, corria pelos campos de lavanda com as crianças do vilarejo. Esse encontro deve tê-lo deixado enamorado, e certamente foi uma experiência especial.
A fragrância única e agradável da lavanda permeava o ar, criando uma atmosfera romântica para José e Maria. E assim, entre as colinas e os campos, o destino começava a tecer os fios de uma história que transcendem o tempo e os limites do vilarejo
Todos os anos, o verão trazia consigo tardes quentes, e os habitantes do vilarejo se dirigiam ao lago para se refrescar. Na entrada do antigo casarão, era possível avistar o lago serpenteando entre grandes sombreiros, e nas margens do véu de água o olhar de José cruzou o olhar de Maria.
José, curioso e empolgado, desejava saber mais sobre a moça deslumbrante. Para satisfazer sua curiosidade, ele aproveitou a solene celebração em honra do árduo trabalho nas plantações de azeitonas. Essa festividade ocorria anualmente como forma de agradecimento pela colheita das azeitonas e era organizada pelos moradores do vilarejo na primeira noite de lua cheia após o fim do verão. Era comum reunirem-se ao redor da fogueira no centro do vilarejo, onde os mais velhos compartilhavam histórias sobre os colonizadores fundadores do local. Entre taças de vinho, entoavam cantigas de devoção, celebrando as relações de amizade concretas que se desenvolviam entre as pessoas que viviam no campo.
Essas cantigas líricas tinham como tema central a saudade e os sentimentos da vida simples, especialmente das moças que viviam nas aldeias e nos campos. O eu lírico, sempre feminino, representava a voz de uma mulher.
José, vestindo roupas simples de algodão cru, misturava-se aos rapazes solteiros do vilarejo para passar despercebido. Essa estratégia visava evitar chamar a atenção das outras garotas, permitindo que ele se concentrasse exclusivamente em Maria. No entanto, as demais moças também deviam estar curiosas sobre o rapaz bonito e misterioso que se encontrava entre elas.
José avistou Maria à distância, e ela estava deslumbrante. Seu cabelo escuro refletia a luz das chamas da fogueira, conferindo-lhe uma beleza singular. Além disso, uma linda flor adornava sua orelha direita, realçando ainda mais seus traços bonitos e charmosos. Esse detalhe provavelmente aumentou o encantamento de José por ela. Maria dançava graciosamente, como se flutuasse em suas chinelas de couro surrado, rodopiando sua saia de chita estampada com flores vermelhas. Cada movimento da saia a tornava ainda mais bela. Seu sorriso contagiante emocionava todos os espectadores, e a luz da fogueira delineia a silhueta de seu corpo violão, com curvas de pura sedução. Enquanto suas mãos seguravam o longo cabelo escuro, que esvoaçava ao vento e levantava poeira, ela enfeitiçava a todos com seu belo bailar, incluindo José.
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