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Revelado • Jornada Literária | Editora Clube das Raposinhas



Era uma vez, em um pequeno vilarejo à beira-mar, um jovem poeta chamado Ricardo. Ele vivia imerso em suas palavras, buscando o significado mais profundo das coisas. Um dia, enquanto caminhava pela praia, encontrou uma carta presa nas algas marinhas. Era uma carta de amor, escrita com tinta azul e cheia de emoção.

“Todas as cartas de amor são ridículas,” pensou Ricardo, lembrando-se do poema de Álvaro de Campos. “Mas talvez essa seja diferente.”

A carta era assinada por uma mulher chamada Adriana. Ela descrevia o perfume das flores, como se estivesse vendo algo novo. “Agora que sinto amor,” escreveu ela, “tenho interesse nos perfumes.”

Ricardo ficou intrigado. Quem era Adriana? Por que ela escrevera aquela carta? Ele decidiu responder, usando as palavras de Fernando Pessoa:

“O amor, quando se revela,

Não se sabe revelar.

Sabe bem olhar p’ra ela,

Mas não sabe falar.

Quem quer dizer o que sente,
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente…
Cala: parece esquecer…"

Fernando Pessoa

Ricardo escreveu uma carta apaixonada para Adriana, expressando seus sentimentos de maneira sincera e simples. Ele a deixou na mesma praia onde encontrará a carta dela.

Dias depois, Adriana respondeu. Ela também conhecia os versos de Fernando Pessoa e disse que o amor os tornará mais verdadeiros. Os dois continuaram a trocar cartas, revelando seus segredos, medos e esperanças.

O pastor amoroso de Alberto Caeiro, que antes não se importava com os perfumes das flores, agora sentia o aroma delas como um paladar que se cheira. Ricardo e Adriana se encontram naquela mesma praia, onde o mar e os versos de Fernando Pessoa os uniram.

E assim, o amor foi revelado, não com palavras grandiosas, mas com a simplicidade das cartas e a intensidade dos sentimentos. Ricardo  e Adriana viveram uma história que parecia saída de um poema, onde o ridículo se transformou em beleza e a comunicação se fez através das entrelinhas.

E, como dizia Fernando Pessoa, “O poeta é um fingidor. Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sentir.” Mas Ricardo e Adriana sabiam que, naquele amor, não havia fingimento. Era real, profundo e eterno.

E assim, o jovem poeta e a misteriosa mulher das cartas continuaram a escrever sua história, embalados pelas ondas do mar e pelas palavras de Fernando Pessoa


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